80 anos Paróquia Santa Terezinha do Menino Jesus e da Sagrada Face

Como tudo começou

Nos idos de 1918, Eurípides Mesquita Rodrigues, então com aproximados 23 anos, foi convidado por seu tio Juvenal Mesquita, a deixar a cidade de São Sebastião do Paraíso, em Minas Gerais, onde residia com seus pais e irmãos, e vir para o “sertão”, como era conhecido o Norte do Paraná na época, abrir uma extensa gleba de terras de sua propriedade. Seu espírito aventureiro, aliado as poucas perspectivas oferecidas pelo Sul de Minas naquele período, fez com que ele não titubeasse, aceitando de pronto a proposta de seu tio, mesmo sabendo dos riscos que acompanhavam de perto quem se embrenhava naquela então inóspita região. Antes que partisse, sua mãe o abraçou fortemente, beijou sua face e lhe deu uma pequena medalha de Santa Terezinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, pedindo que ela o protegesse na jornada e recomendando a ele que recorresse a ela toda vez que se sentisse em perigo.

Santa e Igreja

Bandeirantes era um local de mata virgem e exuberante como poucas, de difícil acesso e habitado por poucas pessoas no bairro da invernada, todos sujeitos aos riscos impostos pelas doenças comuns nestas regiões, ataques de feras e indígenas (nação caingangue), já conhecedores da violência do homem branco. Depois de construir um pequeno barraco, as margens do córrego da água das antas, Eurípides, começou seu trabalho de reconhecimento das divisas da propriedade que lhe cabia administrar.  Como era uma área muito grande, certa feita, viu-se perdido no meio da densa floresta. Depois de vagar por vários dias sem um rumo preciso, com fome, sede e entrando já em desespero, lembrou-se das palavras de sua mãe, ajoelhou-se e apertou a medalha de Santa Terezinha contra o peito. Rezou pedindo a ela que o ajudasse a se orientar. Logo, levantou-se, e reiniciou confiante a sua caminhada e logo se deu conta de que estava próximo de local onde estava seu barraco.

Grato a Santa Terezinha, anos após o acontecimento, quando veio o primeiro padre, contou a ele o acontecido e pediu humildemente que desse o nome à paróquia de Santa Terezinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, no que foi atendido. No local onde rezou e aconteceu a manifestação de sua fé, construiu posteriormente a sua morada, onde residem até hoje sua esposa, filho, nora e netos.  O topônimo desta cidade origina-se da denominação da antiga Estação Ferroviária Bandeirantes. O topônimo se constituiu em homenagem á atitude ousada e pioneira dos primeiros desbravadores da região, que se portaram como verdadeiros bandeirantes do século XX, ao enfrentarem todo tipo de adversidades. A vida religiosa começou com atendimento esporádico de vigários de Jacarezinho. Muita gente vinda dos Estados de Minas Gerais e São Paulo, bem como de outras localidades e até nações, como os italianos, espanhóis, portugueses e japoneses, iniciaram com esperança uma vida nova, vendo na terra roxa do solo paranaense, nas verdes paisagens do café brasileiro, a oportunidade de uma vida nova, promissora e feliz. Também essa gente, irmãos em Cristo trouxeram não somente seus braços para o trabalho, mas a sua fé para caminhar com Deus. Não demorou e em 03 de outubro de 1926, inaugurou-se a primeira capela por ocasião da visita do 1o. Bispo de Jacarezinho, Dom Fernando Taddei. A paróquia foi criada em março de 1942 por decreto de Dom Ernesto de Paula, 2º Bispo Diocesano, que empossou como primeiro pároco o Pe. Manuel Pacheco, que, porém, ficou apenas alguns meses. Depois dele outros padres diocesanos trabalharam em Bandeirantes, organizando o povo, as pastorais, as celebrações, os sacramentos, enfim, levando Cristo e sendo missionários no solo bandeirantense, de gente de fé e de garra, com trabalho e audácia.

Santuário Santa Terezinha

Em 1o. de Junho de 1948, com as obras da Matriz já iniciada pelo Pe. Agostinho Martinez, a Paróquia de Bandeirantes foi entregue aos Frades Capuchinhos, tomando posse como pároco o Frei Vital Basso. Em 9 de dezembro de 1949 o Frei Eugênio Nickele veio para Bandeirantes, trabalhando muito, teve a dádiva de inaugurar a Matriz, pronta em 16 de janeiro de 1951. O município foi crescendo e logo Bandeirantes, era uma das mais promissoras cidades dessa região do Estado. As pastorais e movimentos foram se organizando e tomando corpo: Apostolado da Oração, Congregação Mariana, Cruzada Eucarística, Pia União das Filhas de Maria. Na história de nossa Paróquia temos um fato curioso, o Frei Vital Basso foi pároco por três vezes: em 1948, 1954-1955 e 1965 a 1968. Grandes nomes marcaram nosso povo: Frei Maximiliano Maria – o Frei Max – Frei Rafael Proner, Frei Anselmo Schwartz, Frei Alvadi Pedro Marmentini, Frei Messias, entre outros. O Frei Justino, foi o último pároco capuchinho que em 1992, entregou a Paróquia ao Clero Diocesano de Jacarezinho, assumindo então o Pe. Mauro Aparecido dos Santos, hoje Arcebispo da diocese de Cascavel, sucedido depois pelo Pe. Antônio Carlos Quáglia, Pe. Delcino Rafael de Carvalho, Pe. Delcídio Carlos da Silva, Pe. Claudinei Antônio da Silva e Pe. Antonio Carlos Pinheiro, sem contar a prestimosa presença e ajuda de inúmeros Vigários, Diáconos e Seminaristas.

Com toda a vitalidade e renovação produzida pelo Concílio Vaticano II, encerrado em 1965, as Comunidades conheceram o alvorecer de novos movimentos e pastorais que procuraram responder aos anseios da nova evangelização, entre eles, a Pastoral da Juventude, Ministros da Eucaristia, Pastoral da Criança, Grupos de Reflexão, Renovação Carismática Católica, Equipes de Nossa Senhora, entre outros.

E Bandeirantes seguiu seu curso, sendo na constelação Diocesana de Jacarezinho uma estrela de primeira grandeza. A paróquia abrigou também a sede do decanato composto por mais oito paróquias da região, indo de Andirá a Jundiaí do Sul, de Ribeirão do Pinhal a Itambaracá.

Contamos com a presença de duas Congregações Religiosas, das Irmãs Franciscanas da Sagrada Família de Maria, que assumiram inicialmente a Santa Casa de Misericórdia e o Asilo São Vicente de Paulo. Também foram arautas da educação, a Congregação Franciscana do Imaculado Coração de Maria, que há mais de 50 anos fundaram o Educandário Santa Isabel, marcando a vocação de Bandeirantes como cidade pólo estudantil.

Grandes momentos se somam na caminhada do povo católico bandeirantense, mas sem dúvida a visita da Urna com os restos mortais de Santa Terezinha, constituiu um marco nesta gente que desde seus primórdios soube admirar a “florzinha do Carmelo”. Em novembro de 1998, nosso povo recebeu sua padroeira que veio trazer do céu copiosas bênçãos do Senhor. Há quase 10 anos nossa padroeira, na sua visita profética, escolheu Bandeirantes para ser sinal de seu amor pela Igreja.

Bandeirantes,  continua a caminhar e agradece a Deus e a Santa Terezinha a instalação do Santuário Diocesano, que aconteceu no dia 15 de dezembro de 2007, por sua Excia. Revma. Dom Fernando José Penteado, 6o. Bispo de Jacarezinho.

Para tal acontecimento a Comunidade paroquial celebrou duas Semanas Intensivas de evangelização contando com a presença de vários sacerdotes, seminaristas, religiosas e missionários leigos das Santas Missões Populares.