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Caso de criança morta, por possível erro médico no último dia 07/05 é destaque na imprensa estadual

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Primeiro a denuncia do possível erro medico aconteceu na imprensa regional e agora a nível estadual, com uma matéria de capa nesta sexta-feira (22) do jornal Gazeta do Povo de Curitiba.

Uma menina de 3 anos pode ter sido vítima da troca acidental de água destilada por cloreto de potássio em um hospital público de Andirá. A morte  registrada no último dia 7, no ambulatório do Hospital Sociedade Beneficente de Andirá, mas o caso só foi revelado depois que a família da criança resolveu denunciar o fato,

Além da morte da menina, a mãe e o pai da criança acusam o médico de plantão de não estar presente no hospital durante a emergência. A criança acabou morrendo pouco mais de 10 minutos após a aplicação do medicamento.

 

Desde o dia da morte, a Polícia Civil de Andirá está investigando o caso. O delegado que preside o inquérito, Almir Salmem, não quis revelar detalhes da investigação. A reportagem apurou, porém, que a polícia trabalha com três hipóteses: erro médico, omissão de socorro e homicídio.

 

A família da criança acusa uma auxiliar de enfermagem de ter trocado acidentalmente os fracos de água destilada por cloreto de potássio. A confusão teria acontecido durante a preparação de uma injeção de ampicilina sódica e hidrocortisona que foi aplicada na menina. A paciente estava internada na enfermaria da casa de saúde, se recuperando de uma pneumonia. O medicamento em pó precisa ser diluído em água destilada ou soro fisiológico.

 

Troca

 O secretário de Saúde de Andirá, José Roberto de Oliveira, responsável pelo setor clínico do hospital, reconheceu a troca dos medicamentos e disse que tanto o hospital quanto a prefeitura da cidade têm o maior interesse em esclarecer os fatos. O secretário também afirmou que ainda não conversou com o médico de plantão sobre a acusação de que ele não estava no hospital durante a emergência. “Se isso aconteceu eu desconheço. No entanto, mesmo que uma junta de 10 médicos estivesse no hospital não seria possível salvar a criança”, disse.

O caso está sendo acompanhado pelo Ministério Público Estadual. O promotor de Justiça Tiago de Oliveira Gerardi aguarda agora a conclusão do inquérito policial para tomar outras medidas.

 

Conforme o advogado da família, Marcos César Caetano Pimenta, no dia da morte da criança o promotor de Justiça teria sugerido a realização da necropsia do corpo da criança. Porém, o pai da menina, o auxiliar de serviços-gerais Mário Romão, disse que não queria que o procedimento fosse realizado, porque a mãe da criança, a também auxiliar de serviços-gerais Silvia Renata de Oliveira Reis Romão, 25, estava muito abalada com a tragédia.

 

Mesmo assim, um tio da vítima recolheu do hospital amostras de sangue do corpo da menina e levou o material a um laboratório em Ourinhos (SP). O resultado do exame demonstrou alto teor de potássio no sangue da criança.

 

A polícia recolheu o resultado, assim como uma nova amostra de sangue para a realização de outros exames. O frasco onde estava o cloreto de potássio também foi recolhido. Ontem, o advogado Marcos Pimenta disse à reportagem que o atestado de óbito da menina aponta para morte por parada cardíaca. Mas, mesmo sem o exame de autópsia, não vai ser difícil descobrir se a alta dose de potássio foi o que causou a morte da criança.

 

Conforme Pimenta, a família da vítima vai aguardar os resultados da investigação para decidir se denuncia ou não o médico que deveria estar presente no plantão. Os resultados também definirão se os pais denunciarão o Hospital Sociedade Beneficente de Andirá ao Conselho Regional de Medicina (CRM).

 

O provedor da casa de saúde, Vagner Luiz Calixto, disse que não vai se manifestar agora. Calixto prefere aguardar a investigação da polícia e a decisão da Justiça para depois comentar o caso.

 

O médico plantonista não foi encontrado pela reportagem.

 

Casal quer punição para responsáveis

 

Mesmo muito abalado emocionalmente, o casal Mário e Sílvia Regina Romão disse ontem que vai lutar pela punição de todas as pessoas responsáveis pela morte da sua filha. O casal explicou que está concentrando as suas atenções nos outros dois filhos para não desistir de lutar.

 

Sílvia Romão revelou que no momento não pensa em reparações financeiras. “O que quero é apenas que quem provocou a morte da minha filha seja punido. Vou lutar para que paguem pelo que fizeram. Na noite da morte, ela tinha pedido para eu levar a sua boneca para brincar. Ela comeu, tomou leite, estava bem. Arrancaram minha filha de mim”, desabafa.

 

Mas o que mais revolta o casal é que mesmo com a tragédia, nenhum representante do hospital procurou a família, nem sequer para explicar o que aconteceu. “Até agora não tiveram a coragem de vir aqui dar uma satisfação ou dizer que não vão esconder nada. É muito descaso”, diz.