Governo rejeita nova proposta de reajuste
O governador Beto Richa (PSDB) rejeitou ontem a proposta de reajuste salarial do funcionalismo público de 3,45% em outubro e 4,56% em dezembro, o que garantiria a reposição da inflação de 8,17% ainda este ano, com manutenção da data-base dos servidores em maio.
A proposta foi apresentada por deputados da bancada de oposição na Assembléia Legislativa como tentativa de superar o impasse entre governo e servidores, e a greve dos professores, que já dura 36 dias. Richa manteve o discurso de que as contas do Estado estão no limite e que o projeto apresentado pelo governo na semana passada é o máximo que ele pode conceder ao funcionalismo.
A proposta do governo prevê pagamento de 3,45% de aumento dividido em três vezes, entre setembro e novembro deste ano. E outros 8,5% em janeiro de 2016, com base na estimativa de inflação para 2015. A fórmula foi rechaçada pelos sindicatos dos servidores, que rejeita a mudança na data-base de janeiro para maio, e cobra a reposição da inflação já neste ano. “Diante das circunstâncias econômicas do país, não é uma proposta ruim, é uma boa proposta”, avaliou.
“Já aprimoramos e avançamos nesta proposta diversas vezes, demonstrando a boa vontade do governo. Só que tudo tem um limite. Eu não posso exagerar num determinado setor e prejudicar todo o conjunto da sociedade paranaense”, disse Richa.
O governador reafirmou que o Paraná, como outros estados, enfrenta dificuldades conseqüentes da crise econômica nacional. “É um momento de austeridade, momento de diminuir gastos e despesas para não comprometer o funcionamento do Estado e acima de tudo o bem estar dos paranaenses”, alegou. “Se conceder um reajuste superior estaria prejudicando as obras nos municípios e sendo irresponsável com o povo do Paraná. Se eu carregar apenas uma área, pode ter absoluta certeza, que vai faltar recursos para outras”, alegou.
Richa voltou a apontar que a greve tem motivação política, pois segundo ele, estaria sendo insuflada por adversários para tirar o foco das denúncias de corrupção nacionais e projetos de ajuste fiscal do governo Dilma Rousseff no Congresso. “Todos os estados da oposição, coincidência ou não, estão em greve. É desvio do foco aos escândalos e denúncias no plano federal e não a dúvida disso”, criticou.
Richa repetiu que em quatro anos o governo aumentou em 60% os salários dos professores estaduais. “Temos respeito pelos professores, valorizamos esta categoria como nenhum governador anteriormente fez, mas agora precisamos da compreensão de todos”, afirmou.
Sem saída – Diante da decisão do governo, o presidente da Assembléia, deputado Ademar Traiano (PSDB), reafirmou ontem que nenhum projeto de reajuste – incluindo o aumento para os servidores do Tribunal de Justiça e do Ministério Público – será colocado em votação. “Enquanto não houver entendimento não vamos submeter à votação”, disse Traiano.
Os deputados da base governista também já avisaram que não votarão o projeto do Executivo, pois não estão dispostos a entrar em novo confronto com o funcionalismo. “Faz quatro meses que estamos em conflito. Não há clima para novo confronto”, disse o líder da bancada do governo na Casa, deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), que confessou ter ficado decepcionado com a decisão do Executivo. “Eu esperava que houvesse uma solução”, admitiu.
O peemedebista também avaliou que a discussão foi contaminada pelo clima de “guerra” entre PSDB e PT que tomou conta do País desde as eleições de 2014. “Há um embate político nesse processo que estamos vivendo”, considerou.