Projeto da UENP capacita professores para lecionar a alunos autistas e com discalculia

Professores da rede municipal de Cornélio Procópio são capacitados a lecionar para alunos com Autismo e Discalculia

O projeto de extensão “Autismo e Discalculia: formação de professores de escolas de baixo IDEB para o uso das tecnologias da informação e da comunicação” da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) tem realizado capacitação de docentes da rede pública para aprimorar a experiência de ensino a alunos com autismo e discalculia, transtornos que afetam o neurodesenvolvimento dos estudantes.

Realizado por meio do programa Universidade Sem Fronteiras (USF), do Governo Estadual, o projeto, que acontece quinzenalmente no Campus de Cornélio Procópio da UENP, capacita mais de 20 professores de escolas com baixo desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) ou que tenham alunos com transtornos. Os resultados do projeto impactam diretamente pelo menos 200 estudantes em salas de aula regulares e especiais.

“Como a capacitação é feita pelos professores, essa disseminação será aplicada também nas turmas que este ministrará após o curso. O projeto também proporciona aos bolsistas e participantes um aporte teórico sobre o Autismo e a Discalculia com referência ao uso das tecnologias em sala de aula”, relata o coordenador do projeto, professor-doutor João Coelho Neto, docente do Programa de Pós-Graduação em Ensino (PPGEN) e da licenciatura em Matemática do CCP.

Segundo os registros Secretaria Municipal de Educação de Cornélio Procópio, que realiza a seleção dos professores para a capacitação, há cerca de 30 alunos que apresentam quadros de autismo e um estudante com suspeitas de discalculia, cujas necessidades especiais de aprendizado motivam a capacitação continuada. A professora da rede municipal, Rosemary Aparecida Patracão, atua na equipe da Secretaria e destaca a importância da ponte entre a Universidade e a educação básica municipal nesta área.

“A formação docente não contempla na grade curricular conhecimentos para se trabalhar com estas necessidades específicas ao autismo e à discalculia. Por isso, é importantíssimo as ações de formação continuada para realizar um trabalho mais específico e eficiente junto a estes estudantes, a fim de que progridam em sua aprendizagem”, afirma.

Para a professora da rede pública, Cláudia Busquim, o projeto auxilia de maneira ampla a experiência de ensino do professor. “Somos instruídos sobre como detectar a presença destes transtornos nos alunos para tomar as providências adequadas. Aprendemos técnicas de montagem de aulas, alfabetização, ensino de cálculos, uso de tecnologias interativas e outras atividades. É muito importante a formação, conhecer sobre os transtornos e detectar qual a dificuldade de cada um para desenvolver um trabalho que atinja esse público de maneira efetiva”, argumenta

A fim de ampliar possibilidades de aprendizado e permitir aos professores se adequar às novas tecnologias, o projeto também atua para preparar docentes a aplicar dispositivos digitais em suas aulas e atividades, como ressalta o bacharel em Sistemas de Informação e mestrando do Programa de Pós-Graduação de Ensino (PPGEN) da UENP, Paulo Roberto Anastacio.

“Capacitamos os professores a usar jogos mobile e ferramentas gratuitas de apresentação de slides. Os jogos possuem um grande potencial lúdico, além de ser um atrativo que chama a atenção do aluno. Os smartphones são utilizados pelas pessoas desde crianças e elas já estão habituadas a utilizá-los. Os celulares fazem parte do cotidiano das crianças, o jogo possibilita o entretenimento”, destaca.

Os professores desempenham o papel fundamental no contato da criança com autismo ou discalculia com a tecnologia digital. “O professor utiliza metodologias de ensino e desenvolve planos de aula buscando melhorar a qualidade do ensino e ofertar a alunos outras metodologias como a utilização dos jogos digitais educacionais. Capacitamos o professor a estar atento e utilizar alguma mídia digital, com disposição para montar uma metodologia que seja inclusiva, sem excluir ninguém pelas suas necessidades especiais, limitações ou dificuldades. As tecnologias são auxiliadores no processo de ensino, porém, seus benefícios dependem do professor”, acrescenta Paulo.